Estava tão envolvida com minha tristeza que se ela me deixasse sentiria falta.
Sentindo-me solitária, mesmo cercada pelo incessante burburinho da praça.
Pretensiosamente esperava respostas, soluções, como se soubesse o que era o certo para mim.
Queria, talvez, sinais de que Deus me ouvia!
Sentindo-me incompleta como um ser humano que não sabe a que veio. Andava sem perceber, olhava sem ver.
Aí, notei que passava no meio de um bando de pombinhas que comiam migalhas no chão.
Parei de prestar atenção em mim e concentrei-me no bando. Uma delas, uma pombinha branca, comia deitada enquanto as outras andavam rápidas, ela permanecia parada só bicando o que estava ao seu lado.
Algum barulho as assustou. Voaram rápido para o telhado mais próximo.
A que estava deitada levantou-se e pude ver, com piedade, que ela só tinha uma das pernas...
Capengando tentava afastar-se de mim que a seguia, pensando como devia ser difícil viver no bando com aquela diferença.
A frágil pombinha da qual tinha eu tanta piedade, voou...
Majestosamente, suavemente voou nos ares sobre minha cabeça e foi juntar-se ao bando.
Ela não precisava de piedade bastava querer e voaria alto!
Com toda certeza achei minhas respostas. De forma simples Deus mostrava-me que bastava querer.
Mesmo que os problemas me mutilassem, eu podia voar em pensamento. Voar alto, buscando conquistar minhas certezas e meus objetivos.
Vó Lucilia – Ubá/RJ